O contexto autoritário no pós-1964: novos e velhos atores na luta pela anistia

Autores

José Gerardo Vasconcelos
Universidade Federal do Ceará

Sinopse

A anistia, embora venha acompanhada de um sentido ético, quando se refere ao perdão, ao esquecimento e ao reencontro com a sociedade, ao mesmo tempo, envolve-se num profundo sentimento de liberdade. Esse reencontro é, na realidade, o reencontro com os direitos universais do homem usurpados pela força; direitos tão caros à modernidade, que foram roubados no Brasil pós-64 pela intervenção do Estado Militar. É por isso que D. Paulo Evaristo Arns, Cardeal-Arcebispo de São Paulo, ao abrir oficialmente, na catedral daquele Estado, a Campanha da Fraternidade de 1978, articula, em sua fala, o sentido mais apurado da anistia fundado em direitos sócio-políticos. Essa articulação tenta repor a dimensão da vida política castrada pelo autoritarismo.

Referências

ABREU, Alzira Alves. Os anos de chumbo: memória da guerrilha. Entre-vistas: abordagem e usos da história oral. Rio de Janeiro:

Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1994, p.14-32.

ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo – anti-semitismo imperialismo, totalitarismo. São Paulo: Comp. das Letras, l990.

ARENDT, Hannah. A Condição humana. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1991.

BARBOSA, Rui, Anistia inversa. Rio de Janeiro: [s. n.]: 1896.

BARREIRA, I. O Reverso das vitrines: conflitos urbanos e cultura política em construção. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1992.

BOBBIO, Norberto e BOVERO, Michelangelo. Sociedade e Estado na filosofia política moderna. São Paulo: Brasiliense, 1987a.

BOBBIO, Norberto e BOVERO, Michelangelo. O Conceito de sociedade civil. Rio de Janeiro: Graal, 1987b.

______. Qual socialismo? Discussão de uma alternativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.

BRASIL Nunca Mais. Um relato para a história. Petrópolis: Vozes, l989.

COUTINHO, Carlos Nelson. Democracia e socialismo, polêmica do nosso tempo. n. 51, São Paulo: Cortez/Autores Associados, l992.

______. Fontes do pensamento político de Gramsci. Porto Alegre:LPM, 1981.

DOCUMENTÁRIO do Congresso Nacional sobre a Anistia. Brasília-DF: 1982.

DOSSIÊ dos mortos e desaparecidos políticos a partir de 1964. Recife: Companhia Editora de Pernambuco, 1995.

GRAMSCI, Antônio. Concepção dialética da história. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989.

HEGEL, G.W.F. Princípios da filosofia do direito. Lisboa: Guimarães, l986.

______. A sociedade civil burguesa. Lisboa: Estampa, 1979.

HELLER, A. O Cotidiano e a história. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.

______. Para mudar a vida: felicidade, liberdade e democracia, São Paulo: Brasiliense, 1982.

MARTINS, Roberto Ribeiro. Liberdade para os brasileiros. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.

MARX, Karl. Crítica da filosofia do direito de Hegel. Portugal: Presença,1983.

______. História: grandes cientistas sociais. São Paulo: Ática, 1984.

NORA, Pierre. Entre história e memória: a problemática dos lugares. Revista Projeto História. São Paulo, v. 10, p. 7-28, 1993.

SILVA, Golbery do Couto. Geopolítica do Brasil. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1967.

VASCONCELOS, José Gerardo. Totalitarismo e anistia: o pecado e o perdão na esfera da política, Dissertação de Mestrado, defendida no Departamento de Ciências Sociais e Filosofia da UFC em 22 de setembro de l993.

______. A memória em construção: sonho, silêncio dos militantes de esquerda e seus familiares no Brasil autoritário. Tese de Doutorado, defendida no Departamento de Ciências Sociais e Filosofia da UFC em 19 de agosto de l997.

Publicado

junho 4, 2021